Não são poucos agrupamentos, agremiações e até ajuntamentos posso dizer que conheço. Muitos nada mais são do que reuniões de aventureiros no aconchego do lar, reunidos em quatro ou cinco pessoas realizando sessões mediúnicas. Santo Deus, onde viemos parar? Voltamos ao tempo das “mesas girantes”, que eram o passatempo preferido em Paris no século XIX?
O espiritismo, seja ele “de mesa”, ou espiritismo de Umbanda – utilizo estes termos para diferenciá-los, apenas por falta de termos adequados – carece de recolhimento, estudos e gravidade. O intercâmbio com o mundo espiritual não é, de forma alguma, objeto de aventura, passatempo e divertimento. Começo falando daqueles “doutrinadores de espíritos”. Poderíamos questionar: qual dos dois planos é mais necessitado de luz? O plano dos desencarnados ou dos encarnados? Respondo que ambos. É justo prestar auxílio aos irmãos sofredores das esferas próximas da Terra. Entretanto, é preciso convir que os encarnados carecem de maior iluminação, pois, como irão prestar auxílio a outros irmãos ignorantes? A lição de Jesus nos diz que é um absurdo um cego conduzir outros cegos. A grande maravilha do amor é o seu contágio. Por esse motivo, o espírito encarnado, para regenerar os seus irmãos da sombra, necessita iluminar-se primeiro.
Após estes, estão aqueles que tudo sabem, conhecem tudo, tem uma mediunidade profundamente aguçada, que conhecem até os pensamentos mais íntimos do seu próximo. São os “profetas” da atualidade. Seu poder é tão incomensurável que estão acima, inclusive dos próprios Orixás (contém ironia). Por certo estou ironizando estes; não é para menos. Não merecem mais que o nosso desprezo e o total abandono aos velhacos do astral inferior, os quais servem com oferendas e mais oferendas, desconhecedores dos seus mecanismos e dos vícios despertados nos desencarnados por estas práticas realizadas sem o devido conhecimento.
Há ainda os oraculistas, que de posse do seu oráculo, ou melhor, seria dizer, de seu wi-fi do além, conseguem informações que fariam até a KGB ter inveja, tal o volume de conhecimento que conseguem extrair dos jogos, e vaticinar com exatidão (segundo estes) que não cabe uma margem de erro de meio ponto percentual. Para que vamos arriscar nossas vidas, utilizando do livre-arbítrio se temos estes oraculistas? Basta pagar uma consulta, realizar o trabalho que com certeza será recomendado, e pronto! Acabaram-se seus problemas. Por certo, mais uma vez, apenas ironizo a questão que, se não fosse trágica, seria cômica.
Posso ir adiante falando dos que possuem pactos com o “tinhoso”, e olha, não são poucos que me contam essa história. Estão com sua vida desgraçada, vivendo de favores, não tem dinheiro nem para um prato de comida às vezes, sem emprego, enfim, sem rumo algum na sua vida, nem material e muito menos moral. Gabam-se de possuir um pacto, e procuram uma casa “forte” que possa deixá-los trabalhar com suas forças, porque não são todos centros que aguentam seu poder. Sabem, dizem que é melhor ouvir do que ser surdo, entretanto, às vezes poderia representar alguma vantagem. Apenas gostaria que alguém me explicasse: segundo os satanistas, tais pactos representam poder, sucesso nas coisas do mundo, vitórias generalizadas, enfim… e como estas criaturas andam moribundas? Tem tanto poder e não conseguem endireitar a própria vida?
Não vou prosseguir nesta postagem, pois preciso de mais algumas páginas para descrever todos os falsos profetas que já conheci, contudo, prometo voltar para fazê-lo, não por qualquer sentimento menos nobre, mas por puro senso de dever.
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