— Salve menino da mente vazia. Ah!ah!ah! Estava difícil a inspiração?
— Salve o senhor, amigo do além. Sim, as ideias não apareciam. Até preces fiz, e nada. Pensei haver me abandonado!
— Não, ainda não. Temos tarefas a realizar. E por mencioná-las, vamos ao trabalho.
Hoje vamos falar um pouco sobre algumas esquisitices modernas, se é que posso assim denominar. O referido objeto para análise, refere-se ao pensar e agir da gente do seu tempo. O que houve menino? Esqueceram como fizeram para tornarem-se bípedes?
— Entendo amigo. Entendo o seu olhar sobre o estado de coisas que nos encontramos, mas com sinceridade, não sei a resposta a sua questão, aliás, respostas é o que menos tenho, contudo, perguntas tenho muitas.
— Pelo menos és sincero menino. Faz bem em não arriscar justificativas para o injustificável. Sabes, antes de tudo sou da Umbanda e pela Umbanda. Seus templos – os poucos que ainda restam – estão esvaziados. Outros que se dizem Umbanda, não fazem mais que uma ou duas sessões por ano, com os Erês ou quando muito, lembrando a data do treze de maio, para Pretos-velhos. As novas gerações não têm nem conhecimento do que foi a doutrina de Umbanda, e este sentimento é de alguém que andou, e anda muito pelas tendas. Impressões de um velho Espírito que chega com entusiasmo, e sai aos prantos destes amontoados de pessoas ansiosas, depressivas, nervosas, raivosas, com um ego cheio de direitos e nenhum dever. Entretanto, isso será assunto para depois.
O caso a analisar são daqueles que buscam os templos para “casos amorosos”. Não me estenderei a análise, serei sucinto. Farei apenas um questionamento: Qual o pensamento daquele que acha ter o direito de reivindicar para si a vida de outrem? Deus, em sua infinita bondade para conosco, vos deu este direito? A vida de uma pessoa pode pertencer a outra? Quando um dos cônjuges se aparta, exercendo seu livre-arbítrio, qual o papel daquele abandonado? Ora, o máximo que lhe cabe é resignar-se a decisão do outro. Ninguém é dono de ninguém.
Deus nos deu uma liberdade divina (apesar de ainda não entenderem isso). Embora o sentimento envolvido, a saudade que restará, caso tenha sido belo o relacionamento em questão, os apelos do ego ferido, nada disso pode ser levado em conta. Caberá ao abandonado respeitar a decisão do outro, resignar-se e continuar sua caminhada. A maioria dos rejeitados mergulha em desesperos, chantagens para com o par, ansiedades sem fim, e enxergam apenas o fim da vida, como se a ausência daquela pessoa colocasse fim a jornada do encarne. Provais com isso não entender nada do amor, da união de almas, e o pior; não conheceis o respeito pelo seu semelhante.
No tocante ao respeito vem o pior: mulher, o homem interessando apenas em sua nudez, prova desde o início suas intenções; da mesma forma você, homem: àquela provocando seus instintos de macho, relativo ao que há de mais animal na espécie humana, busca o quê? Apenas é respeitado o que se faz respeitar e se dá esse respeito.
Qual é a verdadeira noção de união entre um casal? Deus, em sua infinita sabedoria sempre faz o melhor, e sabe que seus filhos, se seguirem o que Ele quer, serão felizes. A monogamia foi a evolução social de nossa espécie mais afim com a lei Divina, para que estreitando os laços familiares que se formam a partir do casal, a lei do amor fosse mais intensamente vivida e experienciada. Ao se unirem, dão origem a novas vidas, formam um núcleo familiar e apreendem, ambos, o labor de se tornarem progenitores. Os laços de amor e fraternidade projetam-se então para além desta vida. Porém, alguns casais podem não ter filhos, seja por opção ou até pela impossibilidade de um dos cônjuges. Também estes formam uma nova família, passam a viver um para o outro, e na união de suas almas tornam-se um só.
Permitam-me exemplificar. O belo retrato do jovem casal cristão: sentado na varanda de sua casa está o nobre senhor, apreciando seu jardim. Nele, a grama bem cortada, os canteiros limpos e enfeitados. Belas flores estão neste jardim. Margaridas, tulipas, rosas, hortênsias; tudo muito bem cuidado e refletindo o extremo zelo do senhor da casa, que cuida do seu jardim ele mesmo. Tanto o senhor quanto a senhora da casa, sabem que ninguém cuidará de suas flores como eles. Algumas destas flores estão correndo pelo jardim, brincando de pega-pega. Que boas risadas ecoam…
Uma é sua filhinha, de vestido amarelo e cabelinho loiro, até parece uma margarida. Outra veste camisa azul e bermuda verde, um filhinho que quase confundo com um crisântemo. Ah, esvoaçante, mais alta e imponente que estas flores, está uma rosa, cujo botão abriu a pouco. Esta rosa, senhora de vestido simples, de cor branca, com laços rosados à altura do busto e das mangas, corre atrás do crisântemo e da margarida. Entre uma risada e outra, a rosa entreolha na varanda o seu jardineiro, e recebe reciprocamente o amor e o bem-querer, que chega pelos olhos daqueles que se uniram pela alma.
O sábio jardineiro empenha todo o esforço para a beleza de suas flores, por conseguinte, pode inebriar-se com sua vitalidade e beleza, sentir seus perfumes e alegrar-se com suas cores. Este é o retrato do lar onde o coração e as mentes pertencem ao Cristo.
Até logo menino. Passar bem. E que o Senhor abençoe a todos.
— Obrigado jornalista do além. E que Deus o abençoe.
Deixe um comentário