Para nós, umbandistas, Exu é o Orixá da verdade, o detentor dos princípios básicos da paz e da harmonia, aquele que regula a ordem, a disciplina e a organização, opostos da desarmonia, da desordem e da confusão, tudo o que estes eventos infelizes causam.
Um provérbio iorubá elucida a respeito dessa atribuição deste Orixá: Olòótó ni òtá ayé — quem diz a verdade é inimigo dos seres. Este provérbio elucida porque Exu é visto por alguns como benéfico, outros como maléfico. O fato é que todo aquele devoto e iniciado para Exu tem o compromisso com a verdade, pois Exu é disciplinador, exige ordem e organização. Por ser iniciado para Exu, procuro sempre me pautar pela verdade, buscando ser disciplinado e guardando o principal atributo de Exu: a paciência.
Referindo-me ao artigo publicado anteriormente, sobre os ataques aos símbolos religiosos na abertura dos Jogos Olímpicos na frança, não havia esperança — pelo menos para mim — de que houvesse alguma reação de religiosos pelo mundo, em especial da Igreja Católica, haja visto a postura do papa em tempos atuais. Contudo, houve sim reações, e foram as mais inusitadas. Listarei algumas:
A conferência dos Bispos da Igreja Católica Francesa repudiou a releitura da “Ultima Ceia”, que exibe os doze apóstolos sentados à mesa com o Cristo. A obra é conhecida mundialmente, e a versão mais famosa é de 1497, de Leonardo da Vinci, e tradicionalmente mostra Jesus consagrando a Eucaristia.
O bispo Andrew Cozzens, presidente do Comitê Episcopal dos Estados Unidos para Evangelização e Catequese, pediu aos católicos que respondam ao incidente com oração e jejum.
“Jesus viveu sua Paixão novamente na sexta-feira à noite em Paris, quando a Última Ceia foi publicamente difamada”, disse Cozzens.
O bispo alemão Stefan Oster chamou a cena de “Última Ceia queer” de “um ponto baixo e completamente supérfluo”. O arcebispo Peter Comensoli de Melbourne, na Austrália, preferiu o “original”, ao publicar uma fotografia da obra de Da Vinci no Twitter/X.
Já o padre dominicano Nelson Medina afirmou que não assistirá a uma única cena dos Jogos Olímpicos. “Que repugnante o que fizeram zombando do Senhor Jesus Cristo e seu supremo dom de amor”, disse. “Eles são covardes; não mexeriam com Maomé.”
O cardeal Dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, também lamentou o ocorrido. “Para nós, cristãos, não se trata somente de uma obra de arte”, observou. “Ela retrata o Evangelho e o significado mais profundo e belo da Eucaristia. Será que o deboche a partir da Última Ceia não reproduz e reforça os preconceitos que se querem combater, fazem sofrer… Levaram a violências?”
Assim, não se trata aqui de apontar grupos A ou B da agenda woke. Reafirmo que não tenho problemas com qualquer pessoa, aliás, não acredito que cor, raça, sexo etc. definam alguém. O que define uma pessoa são suas virtudes e atitudes. O lamentável disso tudo é o ataque a um símbolo religioso (e olha que não sou católico), mas sou cristão, e tenho profundo respeito pela Igreja Católica, que, como disse Chico Xavier, “é a mãe de nossa civilização”.
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