Santa Catarina e a feiura da alma em pecado

Santa Catarina e a feiura da alma em pecado

Uma noite, enquanto dormia, Catarina sonhou com a Rainha do Céu, envolta numa admirável beleza, trazendo nos braços o seu divino Filho. Este, porém, virando-lhe o rosto com descontentamento, disse que Catarina era feia, porque não havia sido batizada…

Por Pe. Franz X. Weninger, S.J. Traduzido para o português.

Santa Catarina nasceu em Alexandria, de pais pagãos. Era dotada de grande beleza pessoal, e possuía uma inteligência tão extraordinária, que dominava todas as ciências existentes na época em sua cidade natal. A única da qual não tinha conhecimento era a da salvação eterna, mas finalmente obteve-a da seguinte forma: enquanto dormia, teve a impressão de que a Rainha do Céu aparecia-lhe envolta numa admirável beleza, trazendo nos braços seu divino Filho. Ele, porém, virando o rosto para ela com descontentamento, disse que Catarina era feia, porque não fora batizada. 

Ao acordar, começou a pensar no sonho que teve e recebeu uma inspiração do Céu para tornar-se cristã. Após receber a devida instrução, recebeu finalmente o santo Batismo. Posteriormente, a Virgem Santíssima apareceu-lhe novamente em sonho ao lado de Cristo, que, olhando com ternura para Catarina, pôs um anel em seu dedo como sinal de que a escolhera por esposa. Ao acordar, encontrou um anel em seu dedo e, sem demora, decidiu consagrar a virgindade ao Senhor e tornar-se uma cristã mais zelosa.

Maximino, o imperador, tinha estabelecido certo dia para celebrar um sacrifício público em honra dos falsos deuses, e todos os habitantes da cidade foram obrigados a participar. Catarina ficou muito triste por ver que o povo honrava o demônio daquela maneira e não conhecia o verdadeiro Deus. Munida de coragem, entrou destemidamente no templo, onde o imperador assistia pessoalmente ao sacrifício, e, dirigindo-se a ele com liberdade cristã, mostrou-lhe como ele era cego por adorar ídolos e tentou convencê-lo da veracidade do cristianismo.

Santa Catarina subjugando o imperador. Pintura de Claudio Coello.

O imperador ficou muito surpreso com o fato de uma donzela ter ousado falar daquela maneira com ele, mas, ao mesmo tempo, ficou fascinado com a aparência e a eloquência de Catarina. Tão logo ele retornara ao palácio, Catarina foi novamente ao seu encontro e falou com tanta veemência sobre a falsidade dos deuses pagãos e a autenticidade da religião cristã, que o imperador não soube o que responder. 

Aquilo que era incapaz de fazer, pensava que outros poderiam fazer por ele. Então, convocou alguns dos homens mais eruditos para que respondessem aos argumentos de Catarina e a persuadissem a renunciar à fé cristã. Deus, porém, que, por meio de uma frágil donzela, poderia reduzir a nada a sabedoria dos pagãos, inspirou Santa Catarina com tal eloquência, que ela conseguiu convencê-los de seu erro. E o fez com tal perfeição, que renunciaram a ele publicamente  e proclamaram a fé cristã como a única verdadeira. O imperador, furioso com um desfecho tão inesperado, ordenou que aqueles novos confessores de Cristo fossem imediatamente executados. 

Em seguida, procurou fazer com que Catarina abandonasse a fé por meio de lisonjas e promessas; e quando viu que suas palavras não impressionavam a virgem, começou a ameaçá-la e, finalmente, mandou torturá-la. A santa foi açoitada com tanta crueldade e por tanto tempo, que todo o seu corpo ficou coberto de feridas, das quais o sangue escorria sem cessar. Os espectadores choravam de compaixão, mas Catarina, fortalecida por Deus, permanecia com os olhos voltados para o Céu, sem manifestar qualquer sinal de medo ou sofrimento. 

Após esse terrível castigo, Catarina foi levada a um calabouço e, por ordem do imperador, deixaram-na sem comer, para que pudesse definhar lentamente. Mas Deus enviou-lhe um anjo para remediar suas feridas e consolá-la. Depois, Ele mesmo apareceu-lhe pessoalmente, encorajou-a a lutar com bravura e prometeu-lhe a coroa da glória eterna. Quando viu as feridas de Catarina curadas, e a virgem resplandecente com uma beleza mais do que humana, emudeceu de espanto. A santa fez desse milagre uma ocasião para lhe falar da onipotência do Altíssimo e da farsa que eram os deuses pagãos. Falou com uma eloquência tão impressionante que tanto a imperatriz como Porfírio prometeram abraçar o cristianismo.

“Decapitação de Santa Catarina”, pelo Mestre de Colônia, século XV

Alguns dias depois, quando o imperador soube que Catarina não só ainda vivia como estava mais forte do que nunca, chamou-a à sua presença e voltou a assediá-la com promessas e ameaças. Porém, ao verificar que ela permanecia tão firme quanto antes, ordenou que fosse amarrada a uma roda cheia de pontas afiadas e facas. A heroína cristã não ficou horrorizada com essa ordem desumana, e invocou a Deus com confiança inabalável. Quando os carrascos a prenderam e ataram à roda, o Todo-Poderoso enviou um anjo que soltou os grilhões e despedaçou a roda. Muitos dos espectadores, ao presenciar esse milagre, exclamaram a plenos pulmões: “Grande é o Deus dos cristãos! Só Ele é o verdadeiro Deus!” 

Maximino permaneceu cego e pensava em novos tormentos, quando a imperatriz se aproximou, censurou-o pela barbaridade cometida contra uma donzela frágil e inocente, e confessou corajosamente que ela mesma não reconhecia nem adorava outro deus senão o Deus dos cristãos. O tirano, ao ouvir tais palavras, perdeu o controle e ordenou que a imperatriz e Porfírio fossem imediatamente decapitados, e que Catarina, como inimiga dos deuses, fosse levada para a praça pública e morta pela espada. 

A destemida virgem dirigiu-se com alegria até o local indicado, exortou todos os circunstantes a abandonar a idolatria, rezou a Deus pela conversão deles e, em seguida, recebeu o golpe que enviou sua alma para o Céu. Alguns autores antigos testemunham que do corpo de Santa Catarina saiu leite em vez de sangue, como acontecera na morte de São Paulo; e acrescentam que seu corpo foi milagrosamente transportado por anjos e sepultado no Monte Sinai, na Arábia.

Fonte: Site Padre Paulo Ricardo

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