A solidão

A solidão

Salve menino. Como estás? Toma nota destas impressões, dizem respeito a solidão que vós experimentais na vida.

Nesta noite, em companhia de meu fiel amigo Tunico, ou Tuniquinho, excursionamos algumas Tendas. Em umas encontramos sessões, em outras, atendimentos individuais, que versavam sobre os mais diversos assuntos. Mas em quase todos, algo me chamou a atenção: analisei os consulentes que buscavam conselhos, li seus pensamentos, adentrei seus corações, minha alma se encheu de compaixão. Estavam cansados, abatidos, depois de um dia de afazeres em suas vidas seculares. Cedo da manhã, alguns até antes do sol nascer, já estavam nos pontos de espera pelo transporte público. Outros, enfrentavam o trânsito caótico dos grandes centros. Um dia todo, rodeados de pessoas, cumprindo sua labuta, porém mais sós que nunca. Como sois sós. Quanta solidão…

Na busca de conselhos, enquanto os sacerdotes e sacerdotisas cônscios de sua tarefa, no seu esforço para nutrir a ânsia de respostas, os olhares solitários dos consulentes buscam pelo colo da mãe, que a muitos anos já não tem forças para aguentar seus pesados corpos. Choram suas fraquezas, riem de suas derrotas quando a caída do jogo de búzios as expões, mas buscam o amparo daquele que, naquele momento, faz o papel de anjo da guarda de carne e osso. O Altíssimo, naquele momento, manda chuvas de bençãos àquele que, com sinceridade, expõe suas fraquezas e busca o bom conselho.

Quanta solidão os encarnados estão experimentando nestes tempos. Os templos já não dispõem de famílias religiosas que comungam do mesmo espírito. Filhos e filhas espirituais tramam às costas de seus pais espirituais, como cobras espreitam os ninhos. Os que tem um pouco de juízo, vão aos templos, tomam os sacramentos e fogem como o diabo foge das 15 horas, atentos as peçonhentas. Nas igrejas, a mesma situação. A solidão invade as almas que anseiam alguém para comungar o espírito. Aqueles que disso dispõe, que zele, guarde e cultue. Isso é para poucos, pouquíssimos.

Quando fazemos a travessia1, a ideia da solidão – pelo menos para mim – foi a que mais atormentou este coração de periodicista acostumado às multidões, mas que também se sentia só. Não ter amigos para conversas, para fazer com que as ideias se amplifiquem, ou compartilhar nossas conquistas, é um grande fardo. Mas também se for para ter àqueles que vos rodeiam e não compartilham dos vossos ideais, afastai-vos. Não há o que acrescentardes, perdereis seus tempos e vosso espírito se empobrecerá. Vós encarnados experimentais este tormento, mas lhes digo, o meu foi em vão, pois assim que cheguei ao astral, muitos me receberam. Alguns felizes, outros nem tanto. Todos temos nossos débitos. O fato é que existe um antídoto para este veneno chamado solidão; seu nome é Fé.

É possível preencher vossa alma com ciência, aquela que vem após as refeições entre pessoas sérias, que se sentam após alimentar o corpo, e alimentam a alma com a seriedade de quem ama a Deus acima de tudo, e reparem que no primeiro mandamento ele não deu à medida que deveríeis amá-lo, apenas que fosse acima de tudo o que amais. Se neste momento, e a partir dele conseguísseis realizar esta operação, nunca mais experimentareis a miséria, somente a plenitude. Já dizia Santo Agostinho: “Todo aquele que vive feliz faz a vontade de Deus, e todo aquele que faz o que Deus quer, vive bem, e viver bem nada mais é que fazer aquelas coisas que agradam a Deus”.

Guarda-te menino, bem sei que compartilhas de alguém que é tua fiel companheira. Amados que leem estas mal traçadas linhas: Guardem-se da miséria. Amai a Deus antes de tudo o que imaginais possuir, e não deixais que a estultícia se aposse de vosso espírito. O tempo é agora.

1- Na palavra “travessia”, nosso periodicista do além refere-se ao desencarne

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