Autor: Michael Pagno

  • Santa Catarina e a feiura da alma em pecado

    Santa Catarina e a feiura da alma em pecado

    Uma noite, enquanto dormia, Catarina sonhou com a Rainha do Céu, envolta numa admirável beleza, trazendo nos braços o seu divino Filho. Este, porém, virando-lhe o rosto com descontentamento, disse que Catarina era feia, porque não havia sido batizada…

    Por Pe. Franz X. Weninger, S.J. Traduzido para o português.

    Santa Catarina nasceu em Alexandria, de pais pagãos. Era dotada de grande beleza pessoal, e possuía uma inteligência tão extraordinária, que dominava todas as ciências existentes na época em sua cidade natal. A única da qual não tinha conhecimento era a da salvação eterna, mas finalmente obteve-a da seguinte forma: enquanto dormia, teve a impressão de que a Rainha do Céu aparecia-lhe envolta numa admirável beleza, trazendo nos braços seu divino Filho. Ele, porém, virando o rosto para ela com descontentamento, disse que Catarina era feia, porque não fora batizada. 

    Ao acordar, começou a pensar no sonho que teve e recebeu uma inspiração do Céu para tornar-se cristã. Após receber a devida instrução, recebeu finalmente o santo Batismo. Posteriormente, a Virgem Santíssima apareceu-lhe novamente em sonho ao lado de Cristo, que, olhando com ternura para Catarina, pôs um anel em seu dedo como sinal de que a escolhera por esposa. Ao acordar, encontrou um anel em seu dedo e, sem demora, decidiu consagrar a virgindade ao Senhor e tornar-se uma cristã mais zelosa.

    Maximino, o imperador, tinha estabelecido certo dia para celebrar um sacrifício público em honra dos falsos deuses, e todos os habitantes da cidade foram obrigados a participar. Catarina ficou muito triste por ver que o povo honrava o demônio daquela maneira e não conhecia o verdadeiro Deus. Munida de coragem, entrou destemidamente no templo, onde o imperador assistia pessoalmente ao sacrifício, e, dirigindo-se a ele com liberdade cristã, mostrou-lhe como ele era cego por adorar ídolos e tentou convencê-lo da veracidade do cristianismo.

    Santa Catarina subjugando o imperador. Pintura de Claudio Coello.

    O imperador ficou muito surpreso com o fato de uma donzela ter ousado falar daquela maneira com ele, mas, ao mesmo tempo, ficou fascinado com a aparência e a eloquência de Catarina. Tão logo ele retornara ao palácio, Catarina foi novamente ao seu encontro e falou com tanta veemência sobre a falsidade dos deuses pagãos e a autenticidade da religião cristã, que o imperador não soube o que responder. 

    Aquilo que era incapaz de fazer, pensava que outros poderiam fazer por ele. Então, convocou alguns dos homens mais eruditos para que respondessem aos argumentos de Catarina e a persuadissem a renunciar à fé cristã. Deus, porém, que, por meio de uma frágil donzela, poderia reduzir a nada a sabedoria dos pagãos, inspirou Santa Catarina com tal eloquência, que ela conseguiu convencê-los de seu erro. E o fez com tal perfeição, que renunciaram a ele publicamente  e proclamaram a fé cristã como a única verdadeira. O imperador, furioso com um desfecho tão inesperado, ordenou que aqueles novos confessores de Cristo fossem imediatamente executados. 

    Em seguida, procurou fazer com que Catarina abandonasse a fé por meio de lisonjas e promessas; e quando viu que suas palavras não impressionavam a virgem, começou a ameaçá-la e, finalmente, mandou torturá-la. A santa foi açoitada com tanta crueldade e por tanto tempo, que todo o seu corpo ficou coberto de feridas, das quais o sangue escorria sem cessar. Os espectadores choravam de compaixão, mas Catarina, fortalecida por Deus, permanecia com os olhos voltados para o Céu, sem manifestar qualquer sinal de medo ou sofrimento. 

    Após esse terrível castigo, Catarina foi levada a um calabouço e, por ordem do imperador, deixaram-na sem comer, para que pudesse definhar lentamente. Mas Deus enviou-lhe um anjo para remediar suas feridas e consolá-la. Depois, Ele mesmo apareceu-lhe pessoalmente, encorajou-a a lutar com bravura e prometeu-lhe a coroa da glória eterna. Quando viu as feridas de Catarina curadas, e a virgem resplandecente com uma beleza mais do que humana, emudeceu de espanto. A santa fez desse milagre uma ocasião para lhe falar da onipotência do Altíssimo e da farsa que eram os deuses pagãos. Falou com uma eloquência tão impressionante que tanto a imperatriz como Porfírio prometeram abraçar o cristianismo.

    “Decapitação de Santa Catarina”, pelo Mestre de Colônia, século XV

    Alguns dias depois, quando o imperador soube que Catarina não só ainda vivia como estava mais forte do que nunca, chamou-a à sua presença e voltou a assediá-la com promessas e ameaças. Porém, ao verificar que ela permanecia tão firme quanto antes, ordenou que fosse amarrada a uma roda cheia de pontas afiadas e facas. A heroína cristã não ficou horrorizada com essa ordem desumana, e invocou a Deus com confiança inabalável. Quando os carrascos a prenderam e ataram à roda, o Todo-Poderoso enviou um anjo que soltou os grilhões e despedaçou a roda. Muitos dos espectadores, ao presenciar esse milagre, exclamaram a plenos pulmões: “Grande é o Deus dos cristãos! Só Ele é o verdadeiro Deus!” 

    Maximino permaneceu cego e pensava em novos tormentos, quando a imperatriz se aproximou, censurou-o pela barbaridade cometida contra uma donzela frágil e inocente, e confessou corajosamente que ela mesma não reconhecia nem adorava outro deus senão o Deus dos cristãos. O tirano, ao ouvir tais palavras, perdeu o controle e ordenou que a imperatriz e Porfírio fossem imediatamente decapitados, e que Catarina, como inimiga dos deuses, fosse levada para a praça pública e morta pela espada. 

    A destemida virgem dirigiu-se com alegria até o local indicado, exortou todos os circunstantes a abandonar a idolatria, rezou a Deus pela conversão deles e, em seguida, recebeu o golpe que enviou sua alma para o Céu. Alguns autores antigos testemunham que do corpo de Santa Catarina saiu leite em vez de sangue, como acontecera na morte de São Paulo; e acrescentam que seu corpo foi milagrosamente transportado por anjos e sepultado no Monte Sinai, na Arábia.

    Fonte: Site Padre Paulo Ricardo

  • Xangô, o patrono da Tenda 7 Raios

    Xangô, o patrono da Tenda 7 Raios

    Dia 29 de setembro, por força do sincretismo afro-católico, comemoramos o dia de Xangô Aganju, e no dia 30, onde é comemorado São Jerônimo no catolicismo, celebramos Xangô Agodo, este nosso patrono.

    Realizamos então uma homenagem a este Orixá no sábado, dia 28, em comemoração à Xangô Agodo. Como em todos os eventos umbandistas, sempre primando pela simplicidade e objetividade ritual, buscando maximizar o intercâmbio entre os habitantes dos dois planos. Nestas solenidades umbandistas, o ritual guarda ainda o objetivo de integração entre toda a comunidade de terreiro, tendo em vista o clima descontraído e alegre, mesmo com a presença dos Guias e Orixás presentes através da incorporação em seus médiuns. Dentro deste contexto, na qualidade de dirigentes da Tenda, parabenizamos o empenho de toda a família religiosa desta casa. Listamos a todos por ordem de Orixá:

    • De Bará: André (da Claudia) e Paulo(flamel);

    . De Ogum: André (da fabi), Adelar, Carlos(prof.), Jean, Luiz Ibe e Rafaela;

    • De Iansã: Bárbara, Claudia, Fabiana e Mirian;

    • De Xangô: Andréia (a chefe), Luiz Carlos, Nara e Paula;

    • De Odé: Cíntia (do adelar) e Juninho;

    • De Obá: Solange, Thanise e Tamyris;

    • De Ossain: Clênio, José Henrique e Silvana;

    . De Xapanã: Fabi(do posto) e Nediana;

    • De Oxum: Alessandra, Bernadete, Cleonice e Dani Matos;

    • De Iemanjá: Alessandra, Andréia, Lívia, Thaison;

    • De Oxalá: Cíntia (do jean), Jonas e Michael.

    Prestamos também um agradecimento especial à Tenda de Umbanda Ogum Yara, de mãe Renata de Oxum e Edmar de Odé, pela presença nesta homenagem, juntamente com todos os seus filhos espirituais.

    Festa para os Guias e Orixás de Umbanda, se bem compreendido, reflete sempre em alegria, bem-querer com o próximo, e amor pelo que se faz, guardando a certeza de que amamos a Deus e os Orixás fazendo o bem ao próximo.

    Axé!

  • A Vida Intelectual

    A Vida Intelectual

    Podemos dizer que o estudo é Deus tomando consciência em nós de sua própria obra. Assim como toda ação, a intelecção sai de Deus e retorna a Deus através de nós. Deus é sua causa primeira; é sua finalidade última; entre uma e outra, nossas emoções transbordantes podem criar um desvio. Abramos os olhos com sabedoria, para que nosso Espírito inspirador veja.

    Submetam-se não apenas a disciplina do trabalho, mas também a disciplina da verdade. Esta é condição indispensável para todo aquele que quer pertencer à verdade. Ela vos pede pronta obediência; e só responde àquele já despojado de todo resto e muito decidido a dedicar-se a ela, unicamente a ela. Cedendo a verdade e exprimindo-a da melhor maneira que pudermos, sem alterações criminosas, exercemos um culto ao qual o Deus interior e o Deus universal responderão revelando-nos serem um mesmo Deus, e estabelecendo uma sociedade com nossa alma.

    Como em tudo, convém lembrar-vos das virtudes, e sua importância no reino da inteligência, pois todas as virtudes têm por base a exclusão da personalidade orgulhosa, que repugna a ordem. O orgulho é o pai das aberrações, das falsas criações; a humildade é o olhar que lê o livro da vida e o livro do universo.

    Uma grande cultura, enriquecendo um espírito, abre-lhe novos caminhos e aumenta sua capacidade, porém, sem humildade, essa atração exercida pelo exterior é também fonte de mentiras.

    Além da humildade, convém ao pensador ter certa passividade de atitude que corresponde a natureza do espírito e da inspiração. Sabemos pouco sobre o espírito, mas sabemos que sua passividade é sua lei primeira. Sabemos ainda menos sobre a inspiração, mas constatamos que ela utiliza mais a inconsciência que as iniciativas. É preciso olhar através do espírito para as coisas, e não no espírito, esquecendo-se mais ou menos das coisas. O espírito está aquilo pelo que se vê, mas não aquilo que se vê: que o meio não nos distraia do fim.

    Eis o trabalho profundo: deixar-se penetrar pela verdade, submergir nela docemente, afogar-se; não mais pensar que pensamos, nem que existimos, nem que coisa alguma existe, exceto a própria verdade. Este é o bem-aventurado êxtase.

    Para São Tomás, o êxtase é filho do amor; transporta-nos para fora, para o objeto dos nossos sonhos: amar a verdade tão ardentemente que nos concentremos nela e nos transportemos assim ao universal, aquilo que é, ao seio das verdades permanentes. Não vá, pois, se for visitado por este espírito, desencorajá-lo e expulsá-lo fazendo um trabalho completamente artificial e exterior. Se ele estiver ausente, apresse seu retorno com humildes preces. Sob o fulgor divino ganhará em pouco tempo muito mais do que ganharia dedicando-se aos seus pensamentos abstratos. “Nos teus átrios, Senhor, um dia vale mais do que mil”. (SL83,11)

    Como não se sentir na presença de Deus quando um homem ensina? Não é ele Sua imagem? Imagem às vezes deformada, mas com frequência autêntica; e essa deformação é sempre parcial.

    Texto inspirado no livro “A Vida Intelectual”, de Padre Sertillanges.

  • Democracia relativa

    Democracia relativa

    Em meados de 2021, produzi um curso de Umbanda, nada sofisticado, nem algo estiloso, porém era algo produzido com esforço, dedicação e muito empenho. Havia publicado na plataforma de vídeos Rumble, uma plataforma não muito conhecida, mas ótima para publicar. Contudo, qual não foi minha surpresa quando fui acessar minha “playlist” de vídeos, para conferir o número de acessos e audiência, e me deparei com a seguinte frase na página inicial da plataforma: “NOTICE TO USERS IN BRAZIL: Because of Brazilian government demands to remove creators from our platform, Rumble is currently unavailable in Brazil. We are challenging these government demands and hope to restore access soon”. Traduzido: AVISO AOS USUÁRIOS NO BRASIL: Devido às exigências do governo brasileiro para remover criadores de nossa plataforma, o Rumble está atualmente indisponível no Brasil. Estamos a desafiar estas exigências do governo e esperamos restaurar o acesso em breve.
    Sempre lutei muito pela liberdade, afinal, se não temos liberdade, não temos futuro. Mas, como havia dito a ministra do STF, a censura seria apenas até segunda, após o segundo turno das eleições presidenciais, então guardava esperanças em recuperar meu humilde curso.
    Não tenho mais redes sociais há um bom tempo, a exceção do X (antigo Twitter), um microblog que mais parece uma praça pública, só que em formato digital, onde todos podem escrever o que quiserem, dar sua opinião, mas arriscam serem corrigidos pela própria comunidade, que pode corrigir ou denunciar algo duvidoso, ou inverossímil a qualquer momento. Gostava muito da plataforma. GOSTAVA. A meia-noite do dia 31 de agosto deste ano, o ministro do STF Alexandre de Moraes, ordenou que a plataforma fosse banida do Brasil, prejudicando seus quase 22 milhões de usuários, inclusive eu, fazendo com que o Brasil entre para lista dos países “democráticos” que não tem acesso à plataforma mais livre do mundo, a exemplo da China, Rússia, Irã, Coreia do Norte e Turcomenistão.
    Ideologia é algo que todos temos, mesmo aqueles que dizem não ter, afinal, ideologia é algo que você coloca como alicerce para todos os posicionamentos que tenha. Alguns colocam “igualdade”, outros “liberdade”, e assim por diante. Prefiro a liberdade.
    Estamos prestes a cruzar uma linha sem volta. O ponto que delimita este divisor de águas está a poucos metros de distância. A tal de “democracia relativa” já está em funcionamento, e a poucos passos deixará de ser relativa para se consolidar no sonho dos integrantes do Foro de São Paulo: “resgatar na América Latina o que foi perdido no leste europeu”. Já estamos no chamado eixo do mal, aliados a ditaduras como da Venezuela, China, Rússia, e o que não dizer daquela foto de nosso vice-presidente Geraldo Alckmin, ao lado do número 1 do Hamas, no Irã. São estes nossos aliados e amigos, todos vivendo suas “democracias relativas” e colocando o Brasil como mais um anão diplomático.
    Se não houver um despertar de todos, independente de ideologia política ou religiosa, para resgatar nossa liberdade, daqui a pouco será tarde, e a história comprova que uma vez perdida, não será recuperada tão facilmente. Afinal, qual será o país que queres deixar a teus filhos e netos?

  • A regeneração da humanidade

    A regeneração da humanidade

    Em conversa amigável com amiga que compartilha dos ideais espiritualistas, apesar de não ser espírita, divagávamos sobre pensamentos que são comuns, em todo aquele que de alguma forma cultua seu Espírito, em oposição aqueles que seguem as ideias materialistas. Em verdade, esta é uma conclusão que há tempos faz parte de minhas crenças, mas, como toda crença, é algo que faz parte de nós, ou como diz Ortega y Gasset, “as ideias se têm; nas crenças se está”. (ORTEGA. 1940, p.13)
    Todo ser, a partir do momento que descobre certas verdades, passa a não ter mais prazer em certas coisas do mundo. Dito de outra forma: ao descobrir que a maioria das coisas oferecidas pelo mundo não passam de ilusões, futilidades, ou simples coisas que nos são dispostas, muitas vezes com o intuito de nos distrair do verdadeiro sentido da vida; passamos a não querer mais, ou não sentir prazer, como a maioria dos seres viventes, em compartilhar de práticas, festividades, ou ainda de companhias, empenhadas em buscas de prazeres menos construtivos. Mais ainda: passamos a nos isolar do mundo de certa forma, buscando momentos de culto ao espírito e as coisas que podem elevá-lo aos céus, primando pela instrução sadia, o estudo das coisas sérias, e a oração como prática de toda hora, sendo oração não apenas o que se entende por oração, mas a elevação dos pensamentos a todo momento, conectados com a espiritualidade superior, em busca de inspiração e boas intuições.
    Como dirigente de um centro de Umbanda, afirmo que muitas pessoas hoje estão despertas para esta realidade, outras estão em vias de despertar, vivendo momentos de lucidez, mas ainda apegados as coisas do mundo; e outras ainda que não demonstram vontade – este um fator indispensável nesta conquista – em querer deixar as coisas do “velho mundo”, e despertar para os ideais do novo mundo de regeneração moral. Por certo ainda estamos todos vivendo o mundo de provas e expiações, mas já demonstramos, alguns de nós, o empenho no bem e a vontade inquebrantável de regenerar-se.
    Muitas pessoas confessam se sentir deslocadas, como que vivendo uma realidade paralela, outras até se perguntando se são elas o problema, pois sentem não fazer mais parte deste “velho mundo”, onde presenciamos a degeneração total da humanidade, das velhas instituições religiosas e dos governos, parecendo que estamos as vésperas do apocalipse; e perguntam então, o que está acontecendo? Poderíamos responder, em se tratando das pessoas que, sem dúvida, e de alguma forma, estão, sim, despertando para a nova era. O que acontecerá daqui a pouco? O mundo entrará em colapso? Sinceramente não sei, e creio que todo aquele que diga saber – salvo se não pertença ao mundo dos vivos – estará apenas colocando uma ideia, nada além disso.
    Tudo que sabemos é que a regeneração da humanidade se dará com uma revolução moral, de baixo para cima, com a adesão voluntária e consciente de cada um de nós, em oposição a todas as revoluções fracassadas impostas pelos homens, até hoje. Cedo ou tarde, todos serão chamados, contudo, como sentenciou o mestre: “Porque muitos são chamados, mas poucos são escolhidos”. (Mateus, XXII: 14)

  • Ataques aos símbolos religiosos. A saga continua…

    Ataques aos símbolos religiosos. A saga continua…

    Para nós, umbandistas, Exu é o Orixá da verdade, o detentor dos princípios básicos da paz e da harmonia, aquele que regula a ordem, a disciplina e a organização, opostos da desarmonia, da desordem e da confusão, tudo o que estes eventos infelizes causam.

    Um provérbio iorubá elucida a respeito dessa atribuição deste Orixá: Olòótó ni òtá ayé — quem diz a verdade é inimigo dos seres. Este provérbio elucida porque Exu é visto por alguns como benéfico, outros como maléfico. O fato é que todo aquele devoto e iniciado para Exu tem o compromisso com a verdade, pois Exu é disciplinador, exige ordem e organização. Por ser iniciado para Exu, procuro sempre me pautar pela verdade, buscando ser disciplinado e guardando o principal atributo de Exu: a paciência.

    Referindo-me ao artigo publicado anteriormente, sobre os ataques aos símbolos religiosos na abertura dos Jogos Olímpicos na frança, não havia esperança — pelo menos para mim — de que houvesse alguma reação de religiosos pelo mundo, em especial da Igreja Católica, haja visto a postura do papa em tempos atuais. Contudo, houve sim reações, e foram as mais inusitadas. Listarei algumas:

    A conferência dos Bispos da Igreja Católica Francesa repudiou a releitura da “Ultima Ceia”, que exibe os doze apóstolos sentados à mesa com o Cristo. A obra é conhecida mundialmente, e a versão mais famosa é de 1497, de Leonardo da Vinci, e tradicionalmente mostra Jesus consagrando a Eucaristia.

    O bispo Andrew Cozzens, presidente do Comitê Episcopal dos Estados Unidos para Evangelização e Catequese, pediu aos católicos que respondam ao incidente com oração e jejum.

    “Jesus viveu sua Paixão novamente na sexta-feira à noite em Paris, quando a Última Ceia foi publicamente difamada”, disse Cozzens.

    O bispo alemão Stefan Oster chamou a cena de “Última Ceia queer” de “um ponto baixo e completamente supérfluo”. O arcebispo Peter Comensoli de Melbourne, na Austrália, preferiu o “original”, ao publicar uma fotografia da obra de Da Vinci no Twitter/X.

    Já o padre dominicano Nelson Medina afirmou que não assistirá a uma única cena dos Jogos Olímpicos. “Que repugnante o que fizeram zombando do Senhor Jesus Cristo e seu supremo dom de amor”, disse. “Eles são covardes; não mexeriam com Maomé.”

    O cardeal Dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, também lamentou o ocorrido. “Para nós, cristãos, não se trata somente de uma obra de arte”, observou. “Ela retrata o Evangelho e o significado mais profundo e belo da Eucaristia. Será que o deboche a partir da Última Ceia não reproduz e reforça os preconceitos que se querem combater, fazem sofrer… Levaram a violências?”

    Assim, não se trata aqui de apontar grupos A ou B da agenda woke. Reafirmo que não tenho problemas com qualquer pessoa, aliás, não acredito que cor, raça, sexo etc. definam alguém. O que define uma pessoa são suas virtudes e atitudes. O lamentável disso tudo é o ataque a um símbolo religioso (e olha que não sou católico), mas sou cristão, e tenho profundo respeito pela Igreja Católica, que, como disse Chico Xavier, “é a mãe de nossa civilização”.

  • O ataque aos símbolos religiosos na abertura dos Jogos Olímpicos

    O ataque aos símbolos religiosos na abertura dos Jogos Olímpicos

    Dois homens se beijando, ‘drag queens’ recriando a Última Ceia e uma modelo trans: a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 incluiu referências à comunidade LGBTQIA+ (seja lá o que esta sigla signifique em verdade), e despertou no consórcio de imprensa as velhas narrativas de que “bolsonaristas” reagiram às demonstrações de diversidade.

    Não gostaria de escrever sobre este assunto, se a urgência assim não determinasse, porém, com vistas aos fatos, não posso deixar de comentar. Contudo, me precavendo a qualquer interpretação maldosa por parte daqueles que se fazem de desentendidos, deixo claro desde já não se tratar de preconceito a opção sexual de qualquer pessoa. Aliás, duvido muito que a maioria da comunidade gay faça coro a estas cenas patéticas da abertura dos Jogos Olímpicos.

    A cerimônia de abertura dos Jogos na França foram, no mínimo, desprezíveis e lamentáveis. Fico tentando entender o que drag queens e uma Santa Ceia encenada nos moldes da agenda woke têm em comum com jogos olímpicos, que deveriam ser uma integração, uma irmanação entre nações, um momento de paz e convivência com diferentes culturas e religiões. Porém, o que presenciamos foi, antes de mais nada, um ataque aos símbolos sagrados do cristianismo. Apenas como exercício de imaginação, por que o comitê organizador de tais eventos não o faz com os símbolos do Islã? Vale a reflexão. . .

    O que a agenda woke, muito bem representada pelo presidente da França, o esquerdista Emmanuel Macron procura com esta agenda é segregar, colocar uns contra os outros, fazendo com que se enfraqueçam mutuamente, destruir os pilares civilizacionais do ocidente, fazer com que o resto do mundo seja como seu próprio país, um festival de desastres e golpes, desde a famigerada revolução francesa, com a desculpa de estarem lutando pela liberdade e se opondo a opressão da religião e do imperialismo. Meu Deus, este discurso cheira a mofo!

    Pior ainda é ler as manchetes do consórcio de imprensa, todas iguaizinhas, parecendo já estarem escritas e prontas nos grupos de WhatsApp dos jornalistas. Será que não notam o ridículo que estão expondo?

    A Umbanda, como uma religião cristã, que reconhece em Jesus Cristo, Nosso Senhor, o Pai e Governador de nosso planeta, não pode ver com bons olhos o ataque aos símbolos cristãos. Por certo, não possuo a autoridade de falar pela instituição Umbanda, mas posso falar em nome da nossa comunidade de terreiro, na qualidade de sacerdote de Umbanda, e não posso deixar de repudiar o ataque aos símbolos religiosos cristãos.