Tag: Allan Kardec

  • Diálogo inter-religioso

    Diálogo inter-religioso

    Elegemos o catolicismo e o protestantismo para estes comentários, pelo fato de serem as religiões com maior expressão na sociedade brasileira. As demais religiosidades, além de serem minoritárias, em especial se forem orientais, não guardam grandes problemas com a Umbanda.

    O espiritismo, que no Brasil se tornou religião, ainda presentemente tem alguns problemas com relação à Umbanda. Àqueles mais intolerantes com o fato de a Umbanda ter abraçado a doutrina de Kardec, esquecem que, o próprio codificador colocou a doutrina espírita como “Filosofia Espiritualista”. Kardec, ao que nos parece, jamais quis fundar uma nova religião.

    Segundo Kardec, qualquer pessoa pode ser espírita, independente da religião que professe, desde que creia na existência dos espíritos e na sua relação com o mundo dos encarnados. Portanto, nada impede que o umbandista seja espírita, estude e professe a doutrina dos espíritos codificada por Kardec.

    Quanto o catolicismo, sabemos que sua relação com a Umbanda não é pacífica, apesar de, na atualidade, com os movimentos sofridos no seio da própria Igreja Católica, a Umbanda não ser combatida pela ala mais progressista da Igreja.

    O protestantismo, por sua vez, é o combatente mais ferrenho da Umbanda. O advento do neopentecostalismo potencializou a rivalidade e os ataques a Umbanda e por extensão a todas as religiões afro-brasileiras.

    Nestes breves comentários, em verdade, temos que as religiões (sejam elas quais forem), são antagônicas, e dificilmente terão uma convivência pacífica, sem ataques umas as outras. Religiões são ideias humanas, e cada uma formula suas doutrinas e filosofias com base naquilo que creiam mais coerentes. Mesmo as religiões afro, neste rol imenso de práticas enquadradas nesta nomenclatura, têm ataques contínuos entre si — não somente em práticas diferentes, mas entre dirigentes de uma mesma religião, em discussões estéreis para saber qual sacerdote tem o ritual correto.

    Contudo, longe de estar aqui fundamentando o não diálogo inter-religioso (sendo que não acredito em tal diálogo honesto), creio que a liberdade dos seres humanos e o respeito a esta liberdade, pode ser uma saída justa e pacífica para tal problema.

  • Os três aspectos da doutrina Espírita

    Os três aspectos da doutrina Espírita

    Por Lydia Mello

    Quando Kardec começou suas observações sobre o espiritismo, percebeu que havia uma abrangência muito maior que os fenômenos em si. Inicialmente Kardec se focou na investigação dos fenômenos para comprovar que eram verdadeiros. Esta é a parte científica.

    Contudo, Kardec percebeu que era possível obter um conteúdo nobre, lógico e diferente de tudo que era conhecido até então e passou a questionar pontos de profundo teor filosóficos, constatando também que essas verdades trazidas por espíritos evoluídos evidenciavam consequências morais e religiosas.

    O Espiritismo abalou as estruturas do misticismo, do sobrenatural, da fé baseada em dogmas, do preconceito, da intolerância e do materialismo e precisava ser muito bem embasada e apoiada em verdades transmitidas pela espiritualidade superior além da prova dos fatos, de modo que não pudesse ser contestada racionalmente. E é por isso que a doutrina espírita deve ser estudada e principalmente compreendida nos três aspectos. Trata-se de um triângulo de forças espirituais…

    Segundo, Emmanuel, “Podemos tomar o Espiritismo, simbolizado como um triângulo de forças espirituais. A ciência e a filosofia vinculam à Terra essa figura simbólica, porém, a religião é o ângulo divino que a liga ao céu.”

    A ciência espírita se ocupa em observar e analisar os fenômenos produzidos por espíritos. Tem como objetivo a existência do espírito, sobrevivência à morte do corpo físico, a reencarnação e a influência dos espíritos sobre os encarnados nos apresentando o perispírito.

    “O Espiritismo e a Ciência se completam um pelo outro; a Ciência, sem o Espiritismo, se acha impossibilitada de explicar certos fenômenos, unicamente pelas leis da matéria; o Espiritismo, sem a Ciência, ficaria sem apoio e exame.” (Kardec )

    A ciência espírita apresenta comprovações sobre a natureza e imortalidade do Espírito; a influência exercida pelos Espíritos e o intercâmbio mediúnico estabelecido entre  encarnados e desencarnados.

    O aspecto científico do Espiritismo desenvolve-se em duas obras de Allan Kardec: o Livro dos Médiuns e A Gênese.

    O Espiritismo é uma doutrina filosófica. Quando estudamos a humanidade, observamos certa questões comuns a muitos povos durante séculos :

    Deus existe ?

    de onde viemos e para onde vamos ?

    por que estamos aqui ?     

    o que existe e como é depois da morte ?

    “O objetivo da evolução, a razão de ser da vida, não é a felicidade terrestre, como muitos erradamente crêem, mas o aperfeiçoamento de cada um de nós, e esse aperfeiçoamento devemos realizá-lo por meio de trabalho, do esforço, de todas as alternativas da alegria e da dor, até que nós tenhamos desenvolvido completamente e elevado ao estado celeste” (Denis)

    Toda doutrina que proporciona uma interpretação à vida, uma visão própria do mundo, é uma filosofia. Assim, estuda os problemas da origem e destinação dos homens, bem como a existência de uma Suprema Inteligência, causa primeira de todas as coisas.

    Examina os atributos de DEUS, suas relações com o Homem e apresenta um código moral, por meio do qual a criatura vai de encontro ao seu Criador. 

    O aspecto filosófico é abordado em O Livro dos Espíritos.

    O conceito de religião está ligada a uma organização sacerdotal, culto, rituais, dogmas e crendices. O Espiritismo nos apresenta a fé raciocinada, sem misticismos, rituais, dogmas e segredos iniciáticos, tendo como lema “fora da caridade não há salvação.”

    O Espiritismo incentiva a prática da bondade, da fraternidade, da humildade, do trabalho  em favor do nosso próximo.

    Allan Kardec, em discurso na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, afirmou, conforme a Revista Espírita de dezembro de 1868 :

    “O Espiritismo não é uma religião”

    O aspecto religioso esclarece sobre as consequências morais do comportamento humano, usando o livre arbítrio e governado pela lei de causa e efeito.

    O aspecto religioso encontra-se abordado em O Evangelho Segundo o Espiritismo.

    Fonte: Portal Mundo Maior